quinta-feira, 21 de maio de 2009

"Seus Olhos" , Almeida Garrett

Seus olhos - se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou-
Não tinham luz de brilhar.
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno!- e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão cinza em que ardi.


Garrett, Almeida in Fanha, José, Letria, José Jorge (org.) - Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade. Cascais: Ed. Terramar,2004,Pág. 47

Recolha de Ricardo Pinto

* Obra do acervo da Biblioteca desta escola

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