VI
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só pensar [n]ela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
Caeiro , Alberto - Poesia. Lisboa: Assírio & Alvim,2004,p.96
Recolha de Isaura Pereira
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Pessoa. Mostrar todas as mensagens
quinta-feira, 21 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
"Ó Sino da Minha Aldeia", Fernando Pessoa
Ó sino da minha aldeia
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...
Pessoa, Fernando in Fanha, José, Letria, José Jorge - Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade. Cascais: Ed.Terramar,2004, pág.81.
Recolha de Manuel Mendes
* Obra do acervo da Biblioteca desta escola
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...
Pessoa, Fernando in Fanha, José, Letria, José Jorge - Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade. Cascais: Ed.Terramar,2004, pág.81.
Recolha de Manuel Mendes
* Obra do acervo da Biblioteca desta escola
Etiquetas:
Fernando Pessoa,
Literatura Portuguesa,
Poesia,
Poeta Português,
Religiosidade,
sentimentos,
Vida
"Mar Português", Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
para que fosse nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena,
se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador,
tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
mas nele é que espelhou o céu.
Pessoa, Fernando in Fanha, José, Letria, José Jorge- Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar.2007, Cascais: Ed. Terramar, p. 73
Recolha de Ricardo Pinto e Elisabete Teixeira
* Obra do acervo da Biblioteca desta escola
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
para que fosse nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena,
se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador,
tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
mas nele é que espelhou o céu.
Pessoa, Fernando in Fanha, José, Letria, José Jorge- Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar.2007, Cascais: Ed. Terramar, p. 73
Recolha de Ricardo Pinto e Elisabete Teixeira
* Obra do acervo da Biblioteca desta escola
Etiquetas:
Fernando Pessoa,
Literatura Portuguesa,
Poesia,
Poeta Português
"Gato que brincas na rua", Fernando Pessoa
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes
Que tens intintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Pessoa, Fernando - Obras Completas. Porto: Lello Editores, 1986.
Recolha de Manuel Mendes e João Fernandes
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes
Que tens intintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Pessoa, Fernando - Obras Completas. Porto: Lello Editores, 1986.
Recolha de Manuel Mendes e João Fernandes
Etiquetas:
Fernando Pessoa,
Literatura Portuguesa,
Poesia,
Poeta Português
Subscrever:
Mensagens (Atom)